A visita dos representantes do Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern) e do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, bem como da Comissão de Saúde da OAB/RN, foi marcada ontem (12) por protestos e revolta dentro e fora do maior hospital do Estado: o Walfredo Gurgel. A falta de materiais para limpeza dos pacientes, lençóis e medicamentos para dor, bem como a superlotação das cinco alas de UTI, eram motivo de indignação e revolta dos pacientes e dos familiares dos internados. Com cartazes, cerca de 200 pessoas protestavam à frente da entrada de emergências contra o abandono da instituição por parte do Governo do Estado.
De acordo com a diretora do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, Fátima Pinheiro, 92 é o número de pacientes nos corredores. Com o setor de emergência clínica fechado, o setor de Politrauma abriga pacientes que fazem uso dos monitores de registro de batimentos cardíacos de forma compartilhada, o que, segundo enfermeiros, não adianta em nada para entender a situação do paciente. Nesse mesmo setor, um homem agonizava de tanta dor pela falta de medicamentos apropriados para o alívio.
Segundo Ruiara Pinheiro, enfermeira do hospital, a falta de leitos aumenta o número de óbitos, visto que passam mais de 24 horas sem atendimento na UTI, só no aguardo. "Aqui tudo é no improviso. Não temos condições de permanecer assim", disse. Segundo informações da assessoria de imprensa do HMWG, desde a sexta-feira (07) até a segunda-feira passada (10), 26 pessoas vieram a óbito em consequência da fragilidade dos atendimentos.
Para a diretora Fátima Pinheiro, a situação tende a se agravar com a paralisação dos atendimentos dos profissionais da Cooperativa dos Médicos. "Com essa paralisação, os pacientes ortopédicos ficam nos corredores, aguardando cirurgia por bastante tempo. Inclusive crianças, o que pode deixar sequelas seríssimas nos pacientes", esclareceu, afirmando a que situação tende a piorar. "Só não saio da direção porque acredito que no próximo mês a situação possa voltar ao controle", completou Fátima. A diretora acredita ainda no Plano de Enfrentamento de Urgência e Emergência implantado pelo Estado, desde a decretação do estado de calamidade pública, há 60 dias.
Jeancarlo Cavalcante, do Cremern, informou que uma reunião entre participantes do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Comissão de Saúde da OAB/RN e do Conselho Estadual do Idoso ocorrerá na próxima segunda-feira (17), para discutir quais medidas podem ser aplicadas para tentar resolver todo o problema. "Não podemos interditar nenhuma unidade, tendo em vista que seria homicídio culposo se nós o fizéssemos. Vamos discutir ações que possam mudar essa realidade, e rápido", colocou.
Para Marcos Dionísio Medeiros Caldas, presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, a situação é caótica e se comprova com a resposta dos parentes dos usuários. "Essa revolta dos parentes, e até mesmo dos enfermeiros e técnicos de enfermagem à porta do hospital só comprova que a situação é mesmo preocupante", considerou. Pessoas chorando e pedindo socorro ao Governo se aglomeravam à porta do setor de emergência e clamavam por uma atenção especial à saúde, e não à Copa do Mundo.
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