O Tribunal do Júri do Fórum Advogado Sobral Pinto, em Boa Vista (RR), realiza na sexta-feira (23) um julgamento histórico em torno do qual é grande a expectativa da população roraimense e da advocacia brasileira. Nesse dia, estará finalmente sentado no banco dos réus o pistoleiro José Ricardo Cardoso, o Ouriçado, que matou com três tiro na cabeça o advogado Paulo Coelho Pereira, então conselheiro federal da OAB, na madrugada de 20 de fevereiro de 1993. "É um julgamento da maior importância para a advocacia e a cidadania brasileiras, que esperam que este seja um momento em que se fará Justiça; o assassinato do advogado Paulo Coelho chocou não apenas a advocacia de Roraima, mas de todo o País, pela forma brutal com que foi perpetrado", sustentou o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante.
O advogado Paulo Coelho chegava à porta de sua casa no Centro de Boa Vista, após a comemoração da posse na OAB, quando foi executado à queima roupa, segundo apurações da Polícia Federal pelos tiros disparados por Ouriçado. O pistoleiro passou 18 anos foragido, foi dado inclusive como morto, até ser capturado ano passado no Pará pela Polícia Civil. O inquérito da Polícia indiciou dez pessoas pelo crime que deixou Roraima de luto. Dos envolvidos, foram condenados até hoje apenas os Irmãos Luiz Antonio Batista e Luis Gonzaga Batista Jr. - filhos do desembargador Luiz Gonzaga Batista Rodrigues, o Gonzagão, cuja nomeação Paulo Coelho denunciava como irregular. Conforme a imprensa roraimense, o crime foi arquitetado como "queima de arquivo".
Há muitos anos à frente da mobilização pela punição dos culpados por esse crime, o presidente da Seccional da OAB de Roraima, Antonio Oneildo Ferreira, disse hoje que está convocando todos os advogados a se fazerem presentes, na sexta-feira, ao julgamento do Caso Paulo Coelho no Fórum Advogado Sobral Pinto. Nesse sentido, ele solicitou a reserva de 50% dos assentos do Plenário do Tribunal de Juri para que advogados e familiares possam acompanhar esse fato histórico, onde a expectativa da OAB é por uma decisão que - como afirmam Ophir Cavalcante e Oneildo Ferreira - não permita mais que continue pairando sobre Roraima e o País a sensação de impunidade, como a que já durou 19 anos no Caso Paulo Coelho.