O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, e o coordenador do Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custodio Souza, criticaram nesta sexta-feira (25) a apatia do governo e do Ministério da Saúde pela não realização de qualquer mobilização no Dia Nacional de Luta Contra a Hanseníase, que acontece neste domingo (27). O coordenador do Morhan, em correspondência ao presidente nacional da OAB, considerou “lamentável a ausência, pelo terceiro ano consecutivo, de uma campanha nacional contra a hanseníase por época do dia mundial de luta contra a doença”. Para ele, se isso ocorresse com outras doenças, como a AIDS, “seria uma comoção nacional”.
O movimento pela reintegração dos atingidos pela hanseníase – uma entidade sem fins lucrativos que trabalha exclusivamente com voluntários – lembra que o Dia Mundial de combate à doença foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1954, celebrado sempre no último domingo de janeiro. No Brasil, o Congresso Nacional aprovou a mesma data como o dia nacional de combate à doença, desde 2010. “Mas nos últimos três anos, o que o Ministério da Saúde fez nesse dia nacional?”, indaga o coordenador do Morhan, para responder desalentado: “Nada!”. Ele destaca que diversos Estados e municípios têm solicitado ao governo federal material educativo para campanhas, mas nada recebem de volta.
O Morhan afirma que o Brasil é o primeiro país do mundo em incidência da doença, perdendo em números absolutos apenas para a Índia. “O Brasil, sozinho, detém mais crianças doentes de hanseníase do que todas as crianças com hanseníase somadas nos países das Américas, Europa e Africa, juntas”, disse o coordenador da entidade. Segundo ele, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011 o Brasil registrou 2.420 novos casos em crianças, contra 12.305 da India. “Mas, quando proporcionalizamos pela população, lá está o Brasil com 24% de casos acima da Índia”.
A entidade cumprimentou o Conselho Federal da OAB pela iniciativa de aderir ao Apelo Global pela Eliminação da Hanseníase, pacto que assinará em breve junto com outras entidades de advogados, em Londres. “Pelo menos desta forma, para o cenário mundial estamos fazendo algo com a sociedade civil organizada”, destacou. Além da participação da OAB, o coordenador do Morhan informa que está buscando parceria na luta contra a hanseníase nos Conselhos Nacionais de Saúde, dos Direitos do Idoso, Dos direitos da Criança e Adolescente e dos Direitos das Pessoas com Deficiência, e destacou ainda o trabalho que a Pastoral da Criança vem desenvolvendo contra a doença nos municípios em que atua.