Na ocasião, o diretor-tesoureiro da OAB/RN, Marcos Guerra ressaltou que a singela homenagem simboliza o trabalho de todos os advogados que trabalharam na época do regime militar defendendo presos políticos. “Muitos nos honra o que você representou no passado e o que representa hoje”, disse. O amigo Mery Medeiros, que também viveu momentos difíceis na ditadura militar, ao fazer a saudação destacou ainda o trabalho do pai do homenageado, Desembargador João Maria Furtado, pelo humanismo, bem como o empenho de Varella Barca. “Defino os três como figuras ímpares na preservação da nossa história”, afirmou.
“Recebo com profunda felicidade a homenagem. Sou advogado por vocação e filho de perseguido político. Lembro que quando passei em concurso para juiz e fui nomeado rejeitei para continuar na Advocacia. Procurei outra trincheira contra a ditadura e fundei Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido político brasileiro que abrigou os opositores do regime militar de 1964. Quero homenagear aqui também a advogada pernambucana Mércia Albuquerque a quem ajudei a defender presos políticos”, ressaltou Roberto Furtado ao receber a homenagem. Para o presidente da OAB/RN, Paulo Eduardo Teixeira, o momento era de reflexão já que muitos falam em esquecer o período do Ato Institucional nª5 (AI 5), mas é importante lembra-lo. “Temos que contar aos nossos filhos o que realmente aconteceu na naquela época para que nunca volte a acontecer nada parecido. Participar desta homenagem me engrandece como pessoa”, finalizou.
A homenagem foi o encerramento da primeira edição do Ciclo Verdade e Memória que aconteceu durante todo o dia e que registrou depoimentos de quem sofreu com a ditadura militar, como o jornalista Dermi Azevedo e o advogado Paulo Francinete.
Advogado Roberto Furtado
Nasceu em 2 de junho de 1933 em Natal (RN). Ingressou na Faculdade de Direito de Alagoas em 1951 e ainda no primeiro ano de faculdade fez concurso para provisionado. Sendo aprovado, inscreveu-se na OAB. Formou-se no ano de 1955 e em 1960 exerceu o cargo de procurador fiscal do Rio Grande do Norte. Em 1961 foi aprovado em primeiro lugar no concurso para juiz de Direito, tendo sido nomeado para a Comarca de Umarizal. Por opção pela advocacia, não tomou posse. Exerceu o cargo de procurador da Prefeitura de Natal (1963) e a partir de 1964 – período da ditadura militar –, advogou para mais de cem presos políticos de seu Estado. Roberto Brandão Furtado fundou o MDB no Estado em 1965, elegeu-se deputado estadual em 1966, 1974 e 1978 (já PMDB). Em 1980 foi eleito presidente da Seccional da OAB potiguar, tendo exercido posteriormente o cargo de conselheiro federal da entidade. O advogado potiguar criou na OAB-RN a Comissão de Direitos Humanos e presidiu, ainda, o Comitê de Anistia e o Comitê Pró Constituinte no Rio Grande do Norte. Foi vice-prefeito de Natal (1985); chefe da Casa Civil da Prefeitura; secretário de Estado de Segurança Pública (1995); e secretário de Administração Pública (1996), cargo que exerceu até o fim de 1998.
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