O transcorrer dos oitenta anos da instalação da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Norte, me remete a um passado marcado pela presença de figuras do mais alto nível no campo do direito. Na realidade, nascendo como nasceu a instituição, fruto do amor devotado às letras jurídicas por alguns de seus prestigiados operários do direito, o destino lhe reservara o compromisso de ter seguidores que a honrariam, como os seus primeiros cultores.
Fui presidente da Seccional da OAB no período de fevereiro de 1969 a 31 de janeiro de 1977, ocupando o cargo por quatro mandatos, cada mandato na época, de dois anos. Minha condução a tão honrosa missão, foi fruto de um pleito memorável, cabendo-me substituir o Dr. Claudionor Telógio de Andrade, que havia sido meu professor na Faculdade de Direito e que se mantivera no cargo cerca de vinte anos.
Ainda inexperiente – e ainda o sou,m sem dúvida - ao assumir tamanha responsabilidade, contei com a contribuição de todos os meus colegas, dentre os quais, com especial destaque, o Dr. Claudionor, a quem fiz oposição e que, nem por isso, cavou um fosso nas nossas relações de amizade.
A OAB, hoje com atribuições bem mais largas que as assumidas no meu tempo de presidente, deve ser, sobretudo, uma entidade aglutinadora dos advogados, fiscalizando o exercício da profissão, sem se deixar marcar pelo corporativismo. O advogado é sobretudo, um instrumento da ética na condução das controvérsias que lhe são confiadas. Dignidade, respeito, compromisso com a verdade, disponibilidade para ir buscar o melhor direito, onde quer que ele se encontre são condições norteadoras de sua consciência.
Por isso, olhando para o passado, posso lembrar hoje, dentre muitos outros, aqueles que se entregaram à missão de instalar a seccional do Rio Grande do Norte, fazendo do sonho uma realidade fortalecida pelo seu arrojo e pela sua dedicação. Pessoas com quem convivi, um diante do outro, no foro ou nas lides em nossos tribunais, da estirpe de um Dr. Manoel Varella de Albuquerque, que deixou exemplos como Procurador da República, Dr. Francisco Ivo Cavalcanti, dos mais respeitados mestres do Direito, Dr. Paulo Pinheiro de Viveiros, que viria a ser o verdadeiro impulsionador das atividades de nossa Faculdade de Direito, Dr. Francisco Bruno Pereira, advogado brilhante, legislador estadual exemplar, primeiro Juiz do Trabalho no Rio Grande do Norte, e Manoel Xavier da Cunha Montenegro, que deixou a marca de sua inteligência ao lago desses seus companheiros, os primeiros a assumir a responsabilidade de dar vida a corporação dos advogados entre nós;. Claro que a estes se somariam muitos outros, irmanados no desejo maior de congregar os profissionais do Direito.
Convivendo com todos eles, seguindo-lhes os sonhos nascidos de uma devoção sem limites, deles procurei encontrar o equilíbrio para administrar, por oito anos os destinos da nossa OAB. Vale a pena, sem a menor dúvida, a todos nós advogados, olhar um pouco para o passado e seguir as linhas mestras que nos foram legadas por aqueles que abriram as portas da nossa entidade que chega aos oitenta anos de sua existência, senhora do respeito que lhe não pode ser negado.
Eider Furtado, advogado
Membro Honorário Vitalício do Conselho da OAB/RN