PM acusado de matar advogada a pauladas no RN participa de audiência

21/05/2022
por Anderson Barbosa do G1 RN
 

O soldado da Polícia Militar Gleyson Alex de Araújo Galvão participa desde as 9h desta quarta-feira (25), no fórum da cidade de Santo Antônio, a 70 quilômetros de Natal, de uma audiência de instrução e julgamento. O policial é acusado de assassinar a pauladas a advogada Vanessa Ricarda de Medeiros, de 37 anos. Ex-namorada do policial, ela foi espancada a pauladas dentro de um motel da cidade na noite de 14 de fevereiro deste ano. A vítima ainda foi socorrida, mas morreu a caminho do hospital.

O juiz Ederson Solano coordena as audiências que podem definir, ainda nesta quarta, se o PM vai ou não à júri popular. O réu e onze testemunhas estão na sala de audiência do Fórum Desembargador José Humberto de Azevedo Barbalho, que fica na rua Ana de Pontes, no Centro de Santo Antônio.

Em depoimento à polícia, o acusado disse que a advogada teria ficado enfurecida com uma ligação que ele havia recebido e tentado agredi-lo. Em razão disso, os dois, “entraram em vias de fato e, durante essa contenda caíram ambos, não lembrando o que ocorreu depois disso”.

O advogado Emanuel Grilo, que defende a família de Vanessa, explicou que durante as audiências serão ouvidas as testemunhas de defesa e acusação e, caso não haja pedido de novas diligências por qualquer das partes, o magistrado poderá interrogar o réu e já proferir sentença, decidindo se o PM vai ou não à júri popular.

Gleyson, que está preso desde a noite do assassinato, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima).

"De doido ele não tem nada"
No início do mês, o soldado Gleyson recebeu licença da junta médica da Polícia Militar para que seja submetido a tratamento de saúde mental. Para Vitória Régia de Medeiros, que é irmã de Vanessa e também é advogada, o policial “de doido ele não tem nada”.

Vitória Régia e Gleyson se encontraram durante a audiência de instrução que aconteceu na semana passada em Natal, onde ela prestou depoimento. "Perguntei se estava satisfeito com o que tinha feito, e ele ficou calado, com um ar de riso. Está muito bem obrigado. Muito bem vestido, mais gordo e nem algemado estava", afirma a advogada.

Apesar do tratamento, o policial continua preso no quartel do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), na zona Norte de Natal, segundo informou o coronel Francisco Araújo Silva, comandante geral da PM. "Ele recebe atendimento quando necessário, mas não será solto", acrescentou o comandante.

Diante do pedido de insanidade mental formulado pela defesa do acusado, o juiz Ederson Solano Batista de Morais, titular da Vara Única da comarca de Santo Antônio, decidiu que "tal pleito não merece pronto acatamento, uma vez que não há prova de que o réu, sendo servidor público há algum tempo, tenha se afastado de suas funções para tratamento de sua saúde mental, por exemplo”.

O magistrado acrescenta que o pedido de exame pericial só será feito "após a realização do interrogatório do réu, ocasião na qual poderá ser aquilatada a idoneidade da alegação de se tratar de portador de doença mental”.

OAB/RN acompanha o caso
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Norte, Sérgio Freire, enviou representante da instituição até o município de Santo Antônio, no agreste potiguar, para viabilizar a rapidez do inquérito que apura a morte da advogada Vanessa Ricarda de Medeiros. “A Ordem acompanhará o caso de perto e vai adotar as medidas necessárias para o esclarecimento dos fatos e a punição dos responsáveis”, disse Freire.

Entenda o caso
De acordo com a polícia, funcionários do Motel Cactus, onde a advogada Vanessa Ricarda foi espancada, acionaram a guarnição depois que escutaram uma discussão do casal. “Eles ouviram a mulher gritando e nós fomos chamados”, contou o tenente Everthon Vinício, do 8º Batalhão da PM.

Ainda segundo o oficial, o PM foi encontrado na área comum do prédio onde funciona o motel. O tenente contou também que Gleyson apresentava sinais de embriaguez e manchas de sangue pelo corpo. “Ele vestia somente um short, que estava todo sujo de sangue”, afirmou.

Ao entrarem no quarto, os policiais encontraram a advogada desacordada e ensanguentada. “O rosto dela estava bastante desfigurado e os objetos do quarto revirados”, relatou o delegado Everaldo Fonseca.


O policial, preso em flagrante, encontra-se detido no quartel do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), na zona Norte de Natal.

Já a advogada, foi inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil em 2011, segundo a própria OAB no RN. O corpo dela foi enterrado no dia 15 de fevereiro, no cemitério público da comunidade de Santo Antônio da Cobra, distrito a 18 quilômetros de Parelhas, na região Seridó.

 

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