Carlos Gondim: "O advogado precisar ser um ator ativo nesse processo de mudança legal"

21/05/2022
O advogado Carlos Gondim foi homenageado nesta sexta-feira (23) pela Seccional Potiguar, durante a entrega de carteira aos novos advogados. Na oportunidade, ele recebeu das mãos do presidente Sérgio Freire, os primeiros requerimentos dele na OAB/RN.

Na entrevista a seguir, Gondim fala da importância da ética na profissão , das dificuldades da vida de um advogado militante e da importância da atuação dos novos advogados na Ordem dos Advogados do Brasil.

OAB/RN - Como partiu a decisão de deixar de ser um servidor federal para se tornar advogado?

CG- Foi uma questão de identidade. Eu acho que o serviço público federal é uma profissão muito importante e tem os seus atrativos, mas quem opta pela advocacia, normalmente opta pela própria essência do que é advogar, do que é ser advogado. Na advocacia você tem autonomia das suas atribuições, tem uma capacidade de optar pelo segmento que você vai exercer na sua profissão e tem toda a liberdade de exercer a advocacia de uma forma plena. São milhões de oportunidades. O operador jurídico tem hoje várias vertentes.

OAB/RN - Como é a vida de um advogado militante? Alguma vez o senhor pensou largar a advocacia?

CG- Nunca pensei em voltar, porque realmente me sinto pleno na advocacia. Agora há dificuldades como em qualquer profissão. A advocacia tem uma questão peculiar, que é depender um pouco do seu resultado pessoal, mas também de outros segmentos da justiça. Ou seja: você depende de um resultado objetivo das decisões judiciais. Durante muito tempo nós tivemos uma grande dificuldade pela morosidade da justiça. Hoje em dia temos um certo avanço desde o momento da criação do Conselho Nacional de Justiça, então isso deu uma nova roupagem à justiça. Mesmo assim, algumas mazelas ainda dificultam muito o exercício da advocacia, como a questão do Processo Civil Brasileiro, que precisa ser modificado urgentemente, para que as partes e o advogado tenham efetividade nos seus processos.

OAB/RN – Apesar dessas dificuldades, ainda vale a pena ser advogado militante?

CG - Eu acho que vale, pois temos mecanismos para transformar essa situação. Já existem hoje uma série de projetos e discussões, como a alteração do Processo Civil. O que eu sinto é a necessidade da sociedade e, principalmente dos advogados, participarem mais dessa mutação processual. Isso às vezes não acontece. O Brasil tem esse problema. Às vezes as legislações são alteradas de uma forma que atinge a sociedade e nós, advogados, infelizmente presos no dia-a-dia, não participamos dessa construção. Por isso acredito que essa participação é de fundamental importância. O advogado precisar ser um ator mais ativo nesse processo de mudança legal.

OAB/RN – Como foi atuar na Comissão Nacional de Defesas Sociais?

CG - Essa comissão é importantíssima em nível de Brasil e vários procedimentos foram encaminhados, de problemas de natureza social perante a comissão, e opinamos inclusive com relação a mudanças legislativas. Mas não participamos da construção legal, que é algo de responsabilidade e competência do parlamento.

OAB/RN – De que forma o advogado iniciante pode mudar esse cenário?

CG-Eu acho que o novo advogado pode mudar o cenário na medida em que ele compreender primeiro que não basta a simples relação dele de processo-cliente/cliente-processo. Se ele não compreender que a atividade profissional depende de todos os atores que compõem a Justiça e área do direito, se não se apropriar dessa importância de participar da vida social e da OAB e da construção das modificações legislativas, se não perceber que isso é fundamental até para o próprio exercício dele, a coisa continua do mesmo jeito. Por isso é importante que o novo advogado se integre à OAB, às comissões, atendo não só para o seu processo, mas toda uma política judiciária a qual fazemos parte.

OAB/RN – Qual a importância da ética para a carreira desses novos advogados?

CG- A ética nasce um pouco na nossa formação educacional familiar. A gente, naturalmente, traz uma carga de como fomos criados. Na advocacia o comportamento ético e a atitude de lealdade no processo são fundamentais e se o novo advogado não optar por esse caminho, em um curto espaço de tempo, ele terá frustrações muito mais sérias que o simples êxito que ele teve ou não em uma demanda. A opção do novo advogado pela ética e lealdade processual é importantíssima.

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