Marcelle Cunha de Sousa França Braga*, advogada

marcelle@bragaeazevedo.com.br

A palavra coaching, apesar de pouco conhecida por muitos, foi ouvida pela primeira vez ainda no século XIX, mas foi somente em 1950, já no século XX, que passou a ser usada como habilidades e técnicas de desenvolvimento pessoal e humano.

Então, o coaching não é algo tão novo como poderíamos imaginar, mas para entendermos como ele pode contribuir para uma alavancagem na advocacia, ou seja, para desenvolver uma advocacia mais eficiente, com diferenciais e resultados práticos, devemos primeiro buscar entender o que é o coaching.

De forma simples, podemos dizer que coaching é um processo de desenvolvimento humano, que utiliza metodologias de várias ciências associadas, auxiliando a pessoa (coachee=cliente) a buscar nela as respostas que precisa para, identificando o estado atual, traçar um plano de ação para atingir o estado desejado.

Aí podem surgir algumas perguntas, que culminam em uma só: Como isso acontece? Simples!!! O coaching trabalha com técnicas e ferramentas cientificamente comprovadas, que auxiliam a pessoa a “desembaralhar” as ideias e assim efetivar as ações.

É ótimo, então, descobrir que existe algo que pode ser tão transformador. Mas como isso pode ser aplicado na advocacia?

A advocacia é uma profissão muito gratificante, ampla e cheia de  oportunidades, mas também muito estressante, pois os profissionais trabalham sempre contra o tempo. Isso em relação aos prazos processuais, em relação as exigências e cobranças dos clientes, em relação a busca de decisões de urgência para evitar o perecimento do direito em questão.

Esta profissão também é bastante volátil, pois as leis e o entendimento jurisprudencial estão sempre em evolução, o que exige do advogado uma reciclagem permanente, mantendo suas teses jurídicas sempre renovadas, o que é mais uma exigência para o profissional, pois o Direito não é uma ciência exata.

Então, bombardeados de novas informações a cada dia, de novos prazos e novas cobranças, o advogado assume uma carga de responsabilidade e estresse intensa. Quando o advogado trabalha sozinho, como autônomo, suportar esta pressão, as vezes, é desestimulante. Mas quando falamos em um profissional com mais estrutura, com um grande escritório e com muitos funcionários, essa pressão relatada acima é diluída, mas surgem outras preocupações, como, por exemplo, administrar o escritório e lidar com os colaboradores/funcionários, como ser um líder etc.

Existe ainda o advogado iniciante, aquele que está querendo ganhar o mercado, captar clientes, fechar contratos, ter mais causas etc, e que, muitas vezes, se sente inseguro, receoso ou com medo do mercado e da competitividade acirrada.

Para todos estes advogados não falta conhecimento jurídico! Todos os profissionais da área se formam grandes sabedores de leis, doutrina e jurisprudência, investem profundamente em livros e cursos jurídicos. Fazem pós-graduação, mestrado, doutorado na área jurídica. Isso é Fantástico!!!! Investir em informação e conhecimento é sempre muito valioso.

Mas porque será que muitos advogados, mesmo com tantos cursos não conseguem conquistar o mercado como gostariam, ou não conseguem ter seus escritórios funcionando como acreditam que seria mais produtivo?

Como diz o renomado coach (profissional de coaching) Marcos Tito, “o que falta na gente, muitas vezes, não é conhecimento é aplicação.” As pessoas estão cada dia mais recebendo informação e, muitas vezes, não sabem o que fazer com ela e não conseguem aplicar seus conhecimentos. Isso porque, talvez, falte a elas um melhor entendimento e organização de suas ideias.

Uma coisa é certa: nós colhemos o que plantamos e as nossas ações representam os nossos resultados. Então, como plantar diferente e ter ações mais direcionadas para atingir resultados melhores?

O processo de coaching pode, então, auxiliar e dar o suporte necessário para que o cliente possa organizar suas ideias, transformar sonhos em objetivos bem definidos, traçar planos de ação e fazer acontecer. Para isso, só basta está disposto a pagar o preço pela transformação. E o preço aqui não é somente em dinheiro, mas principalmente a disposição para agir.

O coaching pode auxiliar qualquer pessoa, neste caso, qualquer advogado, independente de sua fase profissional, a alavancar sua vida, e quando digo sua vida, falo em todas as esferas que a envolvem (profissional, pessoal, espiritual, saúde...), ou seja, o profissional vai aprender a trabalhar de forma equilibrada, positiva e sendo mais flexível. Assim poderá ser um profissional de excelência, um líder, um empreendedor, um pai, uma mãe, um filho(a), um esposo(a)... não esquecendo a importância das outras áreas da vida.

Então, amigo(a) advogado(a), deixo aqui uma reflexão: você tem consciência das coisas que estão acontecendo em sua vida? Você está assumindo o papel principal no palco da sua vida? Você está tomando as decisões ou delegando, ou deixando que outras pessoas conduzam sua vida? Invista em você, pois a transformação começa dentro de cada um de nós e como diz Friedrich Nietzsche, “nunca é alto o preço a se pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo.”

*Marcelle Cunha de Sousa França Braga, advogada há 10 anos; pós graduada em Direito Processual Civil; pós graduada em Direito Civil, Negocial e Imobiliário; Professional & Self Coach; Analista Comportamental; e Analista 360.