“O ambiente antes do golpe militar de 64 era efervescente na política e na cultura. O que aconteceu foi consequência muito mais de acertos do que de erros. Quantos foram mortos em Mossoró? Quem sabe quem foi Manoel Torquato?”, disse Antônio Capistrano no início de seu relato ao Ciclo Verdade e Memória - III Ato, realizado na tarde de hoje (27), na sede da OAB/RN. Na ocasião, a Comissão da Verdade e Memória da OAB/RN, presidida por Djamiro Acipreste, também recebeu o relato de Meri Medeiros.

Ao relembrar fatos históricos, Antônio Capistrano ressaltou: “O golpe de 64 aconteceu porque o povo estava se organizando. Não fui preso e nem respondi a inquérito porque fugi por medo. Passei três meses escondido, pois muitos amigos foram presos”.

Ao comparar as manifestações que estão acontecendo agora no Brasil com as que ocorreram no passado, Capistrano enfatizou que são protestos parecidos.

Acompanharam os relatos, entre outros, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Seccional Potiguar, Evandro Minchoni, bem como o vice-presidente da OAB/RN, Marcos Guerra.

A primeira edição do Ciclo Verdade e Memória aconteceu em 13 de dezembro de 2012 e teve a participação do jornalista norte-riograndense Dermi Azevedo (ex-preso político e um dos fundadores do Movimento Nacional de Direitos Humanos/MNDH), dos advogados Paulo Francinete e Roberto Furtado. A segunda edição contou com os depoimentos de Juliano Siqueira e Zé Rodrigues em 14 de junho. Já a próxima edição acontecerá no dia 12 de julho, na Subseccional de Mossoró, com o relato de Luiz Alves, e instalação da Comissão da Memória e Verdade Anatália Alves.

O evento é gratuito e destinado a advogados, estudantes de direito, integrantes de movimentos sociais e interessados na discussão. O objetivo é mostrar as bandeiras, lutas e circunstâncias pelas quais muitos foram presos, torturados, banidos e assassinados pelo regime militar.